17 de março de 2023
Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2023
Prezado Presidente,
Primeiramente, gostaríamos de desejar sucesso na gestão que se inicia, com viva expectativa da nossa entidade de que a Petrobras possa viver dias melhores do que aqueles que se findaram em 1º de janeiro passado.
Estarrecidos, assistimos nos últimos seis anos a empresa-motor do desenvolvimento econômico e social brasileiro por oito décadas ser sorrateiramente desmembrada e enfraquecida, por aqueles que os nossos hermanos argentinos bem (des)qualificam como “vendepatrias”.
Impotentes, vimos o nosso Pré-sal, grande conquista exploratória e tecnológica da Empresa e de seu altamente qualificado corpo funcional, ter suas áreas paulatinamente entregues às grandes petroleiras transnacionais. O “Passaporte para o Futuro” representado pelas receitas dessa matéria-prima, especialmente o “Fundo Social do Pré-sal” para a Saúde e a Educação criado em 2010, agoniza e vem sendo ameaçado pelo famigerado PL 1583/22.
Concordamos em gênero, número e grau com o colega Guilherme Estrella, “Pai do Présal”, que afirmou diversas vezes que a Petrobras já teria se tornado uma empresa privada, “porque a diferença entre público e privado é a forma como a empresa atua”.
Portanto, tendo em vista o fim do pesadelo que vivemos nos últimos seis anos a partir da vitória eleitoral incontestável do Presidente Lula, cumpre ao Senhor encabeçar a reconstrução da nossa Petrobras, trazendo-a de volta a sua missão fundacional de servir ao povo brasileiro, e não apenas aos seus acionistas.
Para a consecução deste objetivo, será necessário coragem e ousadia, a começar por extinguir o Preço de Paridade de Importação (PPI), uma medida urgente que trará impactos positivos a maior parte da população brasileira, pauperizada pela carestia de vida em grande parte provocada pelo elevado preço dos combustíveis e do gás de cozinha. Como pode um país autossuficiente em petróleo ter o preço de seus combustíveis internacionalizado? A quem a PPI serve? Ao povo brasileiro certamente que não é.
Reverter a privatização das refinarias, bem como aumentar a produção de combustíveis nas refinarias ainda pertencentes à Empresa também é tarefa urgente, visando novamente quebrar os monopólios regionais que aumentaram o preço dos derivados, e forçar a baixa nas tarifas através de nossa produção doméstica.
Desde a descoberta do campo de Lobato, na Bahia, em 1939, o Nordeste foi a região onde começou nossa história com o petróleo e onde, em grande parte, foi desenvolvida a elevada capacidade de prospecção, exploração e logística da Petrobras. A empresa, desde os anos 1950, tornou-se a mais importante indutora do desenvolvimento econômico e social desta Região, contribuindo através dos empregos, impostos e investimentos com a prosperidade de inúmeros municípios e o bem-estar de várias gerações de nordestinos.
A visão empresarial ultraliberal das últimas administrações da Empresa praticamente a fez deixar de operar nessa Região, tendo sido vendidos, muitas vezes a preço vil, campos de petróleo ainda lucrativos, bem como toda a infra-estrutura de processamento, refino, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural. O retorno dos investimentos da Petrobras no Nordeste e, mesmo, a reversão de alienações lesivas ao seu patrimônio, tornar-se-á um símbolo dessa retomada da missão precípua da Empresa desde sua fundação, de servir ao Brasil e ao seu povo.
Finalmente, Senhor Presidente, há que ter ousadia para a retomada dos investimentos na área de Exploração e Produção, setor onde a Empresa em sua orientação tacanha desde 2015 deixou de atuar corajosamente, como sempre o fez no passado, quando descobriu os campos offshore nos anos 1970, os campos gigantes na Bacia de Campos e o petróleo na Amazônia nos anos 1980, e a descoberta do Pré-sal em 2007. A Empresa deve resgatar sua vocação de grandes descobertas, concentrando esforços na Margem Equatorial, por exemplo, bem como voltar a atuar em outros países.
Reveste-se de importância capital nessa empreitada a escolha de gestores/as comprometidos/as com uma nova orientação da empresa, alinhada com os compromissos assumidos pelo novo governo, bem como do resgate de uma Petrobras voltada para o desenvolvimento do país e do seu povo.
Demandamos, ainda, a realização de concursos para geólogos/as, além de outras categorias profissionais, visando a reposição das vagas perdidas nos últimos anos pelas aposentadorias, afastamentos e mortes, além de constituir fator imprescindível para o avanço da empresa para novas fronteiras exploratórias e tecnológicas.
Esperamos ter contribuído, subscrevemos.
Atenciosamente,
Diretoria da APG-RJ
(Gestão 2023-2024)