17 de outubro de 2022
Relembramos na semana que passou o cinquentenário do assassinato pela ditadura militar do líder estudantil Honestino Monteiro Guimarães, estudante de Geologia da Universidade de Brasília.
Honestino nasceu na pequena cidade de Itaberaí/GO em 28 de março de 1947 e, em 1960 mudou-se com sua família para Brasília, então em construção. Em 1963, engajou-se no movimento secundarista após participar das manifestações contra o preço abusivo das passagens de ônibus, reprimidas ferozmente pela Polícia Militar. Nesse período, ingressou na Ação Popular, organização formada a partir dos movimentos sociais católicos.
Em 1965 foi aprovado em primeiro lugar no vestibular da UnB e iniciou o curso de Geologia, assumindo no ano seguinte a presidência do Diretório Acadêmico. Sofreu sua primeira prisão em 1967, acusado de pixação contra o presidente Costa e Silva, sendo libertado e novamente preso acusado de participar de um suporto movimento guerrilheiro em Goiás. Ainda detido, foi eleito presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (FEUB). Em agosto de 1968, forças do Exército e da polícia política invadiram a UnB para cumprir mandados de prisão contra os líderes estudantis, permanecendo Honestino preso até novembro daquele ano. Àquela altura, Honestino já havia sido expulso da universidade por liderar movimento contra um falso professor, na verdade um informante da repressão.
No início de 1969, já sob a vigência do AI-5, mudou-se para São Paulo com sua esposa Isaura Botelho, passando a viver na clandestinidade. Assumiu a presidência da UNE após a prisão de Jean Marc van der Weid em 1º de setembro de 1970, permanecendo na interinidade até o ano seguinte, quando foi eleito presidente da entidade no congresso realizado na Baixada Fluminense. Transferiu-se para o Rio de Janeiro no final de 1971 e seguiu atuando em sua organização política e na luta estudantil. Monitorado pelo Centro de Informações da Marinha (CENIMAR), foi preso em 10 de outubro de 1973, após cinco anos de clandestinidade, acusado de apoiar um movimento guerrilheiro então recém-surgido no sul do Pará. Honestino nunca mais foi visto, sendo considerado “desaparecido”, termo que, segundo seu irmão Norton Guimarães, serve para encobrir os crimes de sequestro, tortura, execução extra-judicial e ocultação de cadáver perpetrados pelo Estado brasileiro.
A APG-RJ homenageia Honestino Monteiro Guimarães, estudante de Geologia, líder estudantil e homem de coragem que enfrentou a ditadura e perdeu a sua vida lutando contra o autoritarismo de um regime iníquo.
Nesses tempos difíceis, em que o atual governo relembra com saudades a ditadura militar e tem como referência torturadores psicopatas como Carlos Brilhante Ustra, a lembrança da luta e da morte de Honestino Guimarães nos faz pensar em qual futuro nós queremos para o nosso país.
Honestino vive!