APG-RJ | Associação Profissional dos Geólogos do Estado do Rio de Janeiro

TEMOS PRESSA EM SALVAR O “LEQUE DE ITATIAIA”!

19 de março de 2018

Reproduzimos abaixo mensagem da comunidade geocientífica que busca salvar o Leque de Itatiaia, um importante afloramento-escola do estado do Rio de Janeiro. O processo de tombamento do leque encontra-se parado na Prefeitura de Itatiaia, e o terreno em frente ao afloramento foi cercado.

TEMOS PRESSA EM SALVAR O “LEQUE DE ITATIAIA”!

O afloramento de rochas sedimentares denominado “Leque de Itatiaia”, situado na parte oeste da Bacia de Resende, constitui um dos mais importantes geossítios de interesse científico e didático do sul do Estado do Rio de Janeiro. Vem sendo estudado continuamente desde os anos 1970 e serve, há mais de 20 anos, como “campo-escola” para o aprendizado de alunos de graduação e pós-graduação de diversas instituições de ensino, tanto do nosso Estado (IGEO/UFRJ, MN/UFRJ, UFRuRJ, UERJ, UFF), como de outras regiões (USP, UNICAMP, UFMG).

O geossítio localiza-se no bairro Vila Pinheiro, município de Itatiaia, e constitui uma sucessão de camadas formadas por fluxos gravitacionais e trativos, testemunho raro de um leque aluvial que se formou na base da escarpa do maciço alcalino do Itatiaia, durante o Paleógeno. Sua composição é basicamente derivada da erosão das rochas alcalinas e é o único local de toda a Bacia de Resende onde é encontrado carvão mineral, em lâminas intercaladas com arenitos finos e siltitos orgânicos. Em 1994, os pesquisadores Murilo Lima e Mário Sérgio Mello estudando os pólens preservados nesse afloramento, sugeriram idade oligocênica (34 a 23 Ma) e a vigência de clima tropical a subtropical naquela época.

Em novembro de 2017, o terreno em frente ao afloramento, cujo destino deveria ser a implantação de uma praça segundo o desejo dos moradores locais, foi irregularmente cercado e invadido. Imediatamente, a comunidade acadêmica e moradores da região se mobilizaram para reverter a invasão junto a Prefeitura de Itatiaia. Um processo de tombamento municipal do geossítio foi aberto na Prefeitura e foram obtidas cartas de apoio do Museu Nacional/UFRJ, Instituto de Geociências/UFRJ, Faculdade de Geologia/UERJ e Departamento de Geociência/UFRuRJ e Instituto de Geociência/USP. Ainda no final de 2017, a Prefeitura retirou a cerca de arame farpado do terreno do geossítio, mas logo depois o invasor, um funcionário da Prefeitura (!), a recolocou alegando que havia “comprado a posse do terreno”.

Estamos em março de 2018 e o processo de tombamento continua parado na Prefeitura. Enquanto isso, o outro terreno adjacente ao do geossítio também foi invadido no início desse ano. Sabemos que estamos em ano eleitoral e os interesses políticos e eleitoreiros ficam exacerbados.

Desta forma, é imperioso que a comunidade geocientífica do Estado do Rio de Janeiro e do país se posicione firmemente contra a ocupação irregular dos terrenos e pela preservação do geossítio, através do seu tombamento municipal.

Portanto, apelamos a todos/as os/as geólogos/as, estudantes de Geologia e demais geocientistas que enviem mensagens à Prefeitura de Itatiaia, exigindo a imediata desocupação dos terrenos e a conclusão do processo de tombamento do geossítio.

Sugerimos a seguinte mensagem a ser enviada para a Prefeitura de Itatiaia:

Para: gp@itatiaia.rj.gov.br

Com cópia: secplanrs@gmail.com, ouvidoria@itatiaia.rj.gov.br; acidhisoficial@gmail.com; rafaeljsf28@hotmail.com; salveolequedeitatiaia@gmail.com

Assunto: Tombamento do Leque de Itatiaia Já!

 

Exmo. Prefeito do Município de Itatiaia

Sr. Eduardo Guedes da Silva

Sr. Prefeito,

Venho aqui expressar minha preocupação com a situação do geossítio denominado “Leque de Itatiaia”, localizado na Vila Pinheiro, alvo de ocupação irregular desde o final de 2017. Tal afloramento de rochas sedimentares possui notável importância científica e vem servindo de “campo-escola” para centenas de alunos de graduação e pós-graduação de diversas universidades do Rio de Janeiro e de outros estados.

O impedimento do acesso a este geossítio e sua descaracterização pela construção irregular de moradias nos terrenos adjacentes, constituirão um enorme prejuízo à ciência e ao ensino da Geologia e das demais geociências.

Portanto, venho respeitosamente solicitar a imediata desocupação dos terrenos invadidos e o tombamento municipal do geossítio “Leque de Itatiaia”, o que colocaria o município de Itatiaia como pioneiro neste tipo de iniciativa no Estado do Rio de Janeiro. Estas medidas são necessárias em curtíssimo prazo, face aos danos que poderão advir com a continuidade da invasão.

Atenciosamente,

(NOME)

(INSTITUIÇÃO ou EMPRESA)

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